quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Os sete nobéis imbecis

Para o Brasil que vai tentar sobreviver a partir de 2016, vale a pena rever o que disseram sete economistas agraciados com o prêmio Nobel sobre a economia brasileira, quando o então presidente Lula, ainda em 2006, já começava a traçar o destino malsinado da economia brasileira. Entre espirros e poeiras, localizei uma revista Veja de agosto de 2006. Bom, o que diziam, à época, os sete economistas “imbecis” – os Nobéis entrevistados pela revista Veja – sobre o a gestão de Lula na segunda metade do seu primeiro mandato, aplica-se, sem surpresa alguma, ao Brasil de hoje, na gestão Dilma. Vamos conferir:

a) Gary Becker, Nobel de 1972: “Há ainda o que eu chamaria de capitalismo de compadrio – algumas famílias ou setores privilegiados do governo... Eu diria que esse compadrio é uma das principais causas do atraso econômico da região”;

b) James Heckman, Nobel de 2000: “O maior obstáculo ao crescimento sustentável brasileiro é o excesso de burocracia e regulamentação... Faltam incentivos para que as pessoas sejam mais competitivas... No Brasil esses estímulos são muito tímidos, predomina um pensamento que lembra o mercantilismo, de viver em um mundo de castas e protegê-lo do jeito que ele é. Não há uma economia competitiva e flexível, na qual as pessoas abram empresas, fechem empresas, contratem bons funcionários, demitam maus funcionários, contratem bons professores, demitam os ruins”;

c) Douglas North, Nobel de 1993: “O Brasil é um país cheio de promessas e possibilidades, mas que foi tomado de assalto por grupos de interesses que souberam se aproveitar do Estado para seus próprios benefícios. E ainda se aproveitam. Esses grupos de interesse se protegem da competição, numa ação que tende a fechar a economia e barrar a eficiência”;

d) Robert Solow, Nobel de 1987: “A renda per capita brasileira poderia experimentar um salto se boas políticas fossem perseguidas... Se os investidores suspeitarem que haverá mudanças, eles tenderão a refrear novos investimentos... Por essa razão, o desafio do Brasil não é imitar a China, mas manter a estabilidade. Não imagino que outros países possam imitar o modelo chinês”;

e) Edward Prescott, Nobel de 2004: “É fundamental que o Brasil estimule a criação de uma sociedade privada. Esse é o motor de qualquer ciclo de expansão sustentável. Já o combustível é a formação de poupança. Nenhum país cresce sem um sistema que induza a formação de poupança. É condição vital, no entanto, que os recursos sejam bem geridos. Eles não podem ser desperdiçados nas mãos de governos incompetentes. A única esperança que vislumbro é que o Brasil se descentralize. Tenho algumas sugestões. Livrem-se da centralização de poder em Brasília e reduzam drasticamente os impostos federais. Deixem que os estados da federação ganhem autonomia e compitam entre si por investimentos”;

f) Robert Mundell, Nobel de 1999: “O sistema tributário brasileiro desestimula os investimentos... conseguir atrair o investimento estrangeiro de longo prazo direto é fundamental para o crescimento porque traz consigo capital, tecnologia e mercados. O Brasil é um dos países mais fechados do mundo. A característica comum a todos os países fechados, é que eles têm baixa renda per capita. Não há como ter crescimento sem empresários, sem pessoas que iniciem novos negócios. O Brasil adotou uma política de desenvolvimento protecionista num momento em que o restante do mundo estava se abrindo internacionalmente”; e

g)  Paul Samuelson, Nobel de 1970: “A história do nosso tempo é que você pode até não gostar do mercado, mas não apareceu nenhum modelo alternativo capaz de organizar grandes populações... o padrão político de democracias populistas parece ter sido um fator que inibiu o desenvolvimento do mercado”.

 

Bom, são economistas de formação bem diferentes, keynesianos, institucionalistas, liberais, monetaristas, tem para todos os gostos. Porém, são unânimes no diagnóstico: a etiologia da nossa doença é o Lulopetismo: um padecimento sociológico e político, tipicamente brasileiro, uma espécie de patogenia derivada do populismo latino-americano, e que se iniciou ainda na metade do Lula I e prossegue até hoje. As qualificações e adjetivações dos 7 economistas sobejam nas entrevistas. Selecionei algumas delas:

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É a velha história da morte anunciada. Daí ser possível inferir com naturalidade que - bem ao contrário do que ainda vocifera o argumento oficial – o Brasil não escapou da crise internacional porque tivesse feito algum tipo de política fiscal anticíclica! Em primeiro lugar, porque os bancos brasileiros não detinham nas suas carteiras papéis imobiliários de alto risco, os tais subprime mortgage assets - pela óbvia razão de que este mercado não existia e nem existe ainda aqui no Brasil, na natureza e mesmas condições com que atuavam no mercado norte americano antes de 2007. Qualquer tipo de desaceleração só poderia vir da diminuição de linhas de crédito internacional - o que de fato ocorreu. Porém, isto nunca foi problema aqui no Brasil, na medida em que foi mais do que compensado pelo crédito doméstico; crédito este que, puxado pelos bancos públicos federais, foi para lá de generoso e farto em 2009-2010.

Em segundo lugar, se não fomos tragados pela crise financeira externa, também não entramos nesse desatino fiscal porque gastamos para nos defender dos bancos malvados do Tio Sam, simplesmente porque os gastos fiscais realizados já estavam há muito programados para serem executados na pancada, pois estávamos próximos às eleições de 2010 – onde tudo o que iniciou em 2006 apenas se intensificou. Nem o primeiro argumento (a crise foi geral), nem o segundo (o excesso de gastos foi para nos defender da crise) prosperam.

A crise de 2007-2008 apenas permitiu que se criasse o pretexto para gastar  ladeira abaixo com tudo que reduz a produtividade de uma economia: o custeio de uma “máquina”gigantesca, a "pequena ajuda" aos amigos do “capitalismo de compadrio” e a presença permanente “de grupos de interesse” junto aos donos do poder – exatamente como anteciparam os 7 Nobéis –além de empurrar para debaixo do tapete um passivo fiscal do tamanho do rio Amazonas, cuja extensão e natureza nós somente ainda temos uma leve aproximação, e só o conheceremos, de fato, no governo que suceder o Lulopetismo, quando o verdadeiro saneamento fiscal  tiver sido feito, e as virtudes sociais voltarem a balizar a escolha pública.